Este é um relato pessoal sobre um sonho que tive no dia 13.09.2021. Muitos dizem que, ao sonhar que morreu, você acorda, pois o cérebro não sabe o que vem depois. No entanto, eu morri no sonho e vivi depois disso. Foi uma experiência extremamente lúcida e marcante.
Anotei tudo assim que acordei, desesperado para registrar cada detalhe.
Segue o texto. Até breve!
Eu comecei como se estivesse realmente vivendo uma vida normal. Estava na escola, estava com meus amigos, e tinha um valentão querendo jogar um deles de uma pequena ponte, mas não deixamos. Era dia de excursão para algo do exército, e já na volta havia uma praça com um tanque e militares, e alguns alunos em volta. Os militares começaram a explicar algumas coisas e voltamos para a escola. Já na sala de aula, por algum motivo, havia uma granada no chão, e eu a peguei e até disse:
— Espero que o pino não saia, porque não sei mexer direito (risadas nervosas).
E, para minha infelicidade, o maldito pino saiu e eu, muito nervoso, tentei colocá-lo de volta, mas não deu tempo. Ouvi um “bip” e então só escuto uma frase:
— Granada!
Fui arremessado pela explosão, bem na minha cara, para o outro lado da sala. Já sem alunos, desmaiei, ao menos era o que eu achava, pois não sentia dor. Foi como se tivesse acordado de um sonho. Eu “acordei” numa casa comum, deitado em um colchonete, assustadíssimo. Ao meu lado, uma mulher se maquiando, e ela disse:
— Finalmente você acordou.
— Acordou?
— Você tá aí há mais ou menos 1 ano.
— Um ano!?
E fomos conversando. Eu olhei para um espelho e minha cara estava muito inchada, com um pedaço para fora, meus olhos só mostravam o vermelho do sangue, praticamente. Era como se eles estivessem voltando para o lugar, e eu disse:
— Eu morri?
— É, morreu.
Enquanto se maquiava, apareceu o que parecia ser seu namorado.
— Achei que teria o céu.
— É... todos acham, mas não é bem assim.
— Acreditei que tivesse uma balança que me julgaria ou algo assim. Como você morreu?
— Não costumo falar disso.
Quando terminei de falar, uma menina familiar entrou pela porta e eu me levantei rapidamente. Ela fez sinal de soquinho com o braço reto, e eu, muito feliz, tentei retribuir o soquinho, mas minha mão passou reto, e eu comecei a chorar um pouco. A mulher me disse que ela não estava morta, e que às vezes pessoas assim aparecem nesse lugar. Eu comecei a tentar interagir com a menina e ela sentia como se houvesse algo ali, mas eu passava reto, como o vento, até que ela disse meu nome:
— Luiz?
E eu a abracei, e ela me abraçou de volta, mesmo sem encostar. Ambos começamos a chorar. Então, com esperanças, tentei interagir mais um pouco, mas sem sucesso. A mulher disse que me levaria para conhecer esse local. Saímos e era uma noite estrelada. Havia outras pessoas, elas andavam normalmente, mas não tinha o aspecto de uma cidade. Eram construções meio soltas no local, não havia ruas, calçadas ou algo do tipo, mas era cimento sob nossos pés. Ela me levou a um lugar onde havia um morrinho, crianças brincando. Ela corria um pouco mais rápido do que um humano normal conseguiria correr, e eu também. Comecei a tentar voar, começando com uns pulos, e até consegui, mas não perfeitamente, acabando por voltar ao chão. Ela me mostrou o fim daquele lugar, onde o morro acabava, e havia apenas um terreno reto de grama até onde a vista alcançava. Não havia iluminação além das estrelas nesse lugar reto, mas na “cidade” havia postes e lâmpadas normais. Com minha ficha caindo, gritei:
— Morri mesmo, merda! Eu tinha tanta coisa para fazer! Tão jovem! Merda...
A mulher tentou me consolar, dizendo que isso acontece com todos e que estava tudo bem, e que deveríamos continuar o passeio. Ela me levou de volta para a “cidade” e havia bastante gente. Até que seu namorado e ela me disseram para me divertir e dar uma cambalhota. Eu neguei a princípio, pois não fazia isso normalmente e estava com medo de cair, mas ela disse que ali não se sentia mais dor. Então eu fiz, com uma facilidade enorme. Era muito mais leve do que quando estava vivo. Eu terminei a cambalhota num restaurante, e percebi que havia restaurantes de todas as categorias naquele local. Entrei em um e comi um lanche normal, e eu sentia gosto. Depois que o tempo passou um pouco, vi minha mãe. Quase chorei, travei, queria falar para ela somente uma coisa: perdão, perdão pela granada, mas antes que eu pudesse dizer algo, ela falou para nós sairmos. Eu simplesmente fui. Começamos a passear pela “cidade” e, enquanto passávamos, vi mais e mais parentes, todos se divertindo de alguma forma. Eu vi meu pai, começamos a conversar e andar, até que perguntei a ele:
— Como você morreu?
Ele não respondeu, apenas ficou olhando para o horizonte, onde o sol começava a nascer.
Já de dia, fui brincar com meus primos. Estava de bicicleta, fazendo manobras sem medo, já que não sentia dor, até que percebi que iria acordar. Novamente, foi quando percebi estar num sonho. Apenas olhei em volta, achando aquilo no mínimo incrível, uma experiência única. Foi quando o inevitável aconteceu: acordei.