(Estrel, de pé diante de um altar, olha fixamente para o livro de rituais antigo, segurando um talismã entre os dedos, enquanto seu companheiro, Liran, permanece em silêncio ao lado, incerto do que está por vir.)"Você não entende, Liran. Talvez nunca tenha entendido. Esse momento... esse rito... não é apenas um amontoado de palavras antigas e símbolos apagados pelo tempo. É muito mais. Desde o dia em que pisei nesse caminho, eu soube que algo me chamava de forma incessante. Você acha que é o medo que me move, mas o que me carrega até aqui, até este altar, é a fé. Uma fé inabalável em algo maior. Algo que nós dois ainda nem conseguimos tocar. Não é só sobre abrir um portal ou invocar uma entidade. É sobre atravessar o véu, Liran, tocar o sagrado, se entregar ao desconhecido como uma oferenda viva.Você não sente? Não ouve o chamado? Cada palavra deste livro, cada símbolo gravado nas pedras... eles não são só história, não são apenas eco de cultos passados. Eles vibram, Liran. Vibra dentro de mim, e sei que vibra dentro deste lugar também. Hoje, cruzaremos um limiar que poucos ousam sequer olhar. E eu estou pronto. Não por ego, nem por curiosidade. Mas porque minha alma sabe que isso... isto é o que nasci para fazer.E você, com suas dúvidas, acha que este rito é só mais uma tentativa falha de buscar o impossível. Mas eu te digo: se você não acredita, então o portal nunca será mais que uma sombra para você. Você não verá. Não sentirá. As forças que invocamos não se dobram àqueles que hesitam. Não. Elas exigem entrega completa, sacrifício. Fé, Liran.Eu já vi coisas que você consideraria alucinação. Senti presenças que me tiraram o fôlego, mas não me deixaram com medo. Não mais. Eu não temo, porque sei que essas forças... elas me aguardam. Não como presa, mas como uma parte do todo. Estou aqui para me entregar a elas. Meu corpo, meu espírito, minha mente. E, em troca, me tornar algo mais do que humano, algo além das barreiras que nos restringem.Você me pergunta por que continuo, mesmo depois de tantos fracassos, de tantas portas fechadas e respostas vazias. Eu continuo porque já não me vejo sem este caminho. Sem este propósito. Se esse rito falhar, tentarei novamente. E outra vez. E outra. Até o momento em que meu coração pare de bater ou o véu se rasgue diante de mim.E o que você vai fazer, Liran? Ficar aí, à margem, esperando que o destino te convença? Ou vai finalmente acreditar que há mais além desse mundo de pele e ossos, onde o que podemos ver e tocar não é o suficiente para entender o verdadeiro poder?Eu tenho fé. E essa fé, Liran, vai nos guiar além, para onde poucos mortais ousam ir. A questão é: você vai me acompanhar ou vai continuar afundado em suas dúvidas, até que seja tarde demais?"
(Estrel aperta o talismã com força, e seu olhar se fixa com uma intensidade quase sobrenatural no altar à sua frente, enquanto Liran permanece em silêncio, a tensão entre os dois crescendo à medida que o tempo do rito se aproxima.)