Ycaro sobe, o ar é seu lar, As asas abertas, sente o vento a chamar. O coração pulsa forte, cheio de desejo, Mas por trás da liberdade, há um profundo ensejo.No alto, ele voa, sem limite ou fim, Mas o céu, tão vasto, não é o bastante pra si. O vento sussurra promessas de glória, E Ycaro quer mais, mais do que a história.Cada corrente, ele domina com fúria, Mas o peito arde com uma estranha luxúria. Voar já não basta, ele quer o infinito, Seu olhar brilha, mas o coração aflito.A ganância o consome, e o céu não sacia, Ele quer o impossível, quer tocar a alquimia. O voo, antes doce, agora é pesado, Pois o sonho de Ycaro foi envenenado.O desejo de mais, de tudo alcançar, Transforma o prazer de voar em pesar. As estrelas o observam, silenciosas e frias, E o vento que antes o guiava, já não traz mais alegrias.Mas Ycaro insiste, vai além do que pode, Mesmo que o céu o acolha, a ganância o sacode. E no alto, sozinho, ele percebe enfim, Que quem busca demais, perde o que há em si.As asas são leves, mas o peso é profundo, Pois Ycaro queria o céu, mas perdeu seu mundo.