EM CONSTRUÇÃO
Pedimos desculpas pela página em construção. Estamos trabalhando para tornar sua experiência de leitura ainda melhor!
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BIANCA E OS CONTOS
DO PASSADO
TRILOGIA
NEVE VERMELHA
O MISTÉRIO OBSCURO
MORTE E ADEUS
Bianca, uma jovem solitária que vive em uma casa isolada, vê-se atormentada por visões de um passado distante, incluindo a vila onde vive sendo consumida por chamas. Inquieta e determinada a entender essas visões perturbadoras, ela embarca em uma jornada para desvendar segredos antigos e sombrios que deveriam permanecer enterrados. Ao longo do caminho, Bianca descobre verdades sobre sua própria identidade, revelações que a conectam a uma linhagem mágica e a um destino inescapável. À medida que cada segredo é revelado, eventos catastróficos são desencadeados, levando-a a confrontar forças obscuras e a enfrentar desafios que testarão sua coragem e determinação. Em meio a sombras e mistérios, Bianca deve encontrar a força dentro de si para aceitar seu passado e abraçar o futuro incerto que a espera.
O inverno havia chegado com toda a sua força, trazendo consigo uma neve intensa que cobria toda a paisagem ao redor da casa de Bianca. Ela se encontrava em uma pequena casa de madeira, rodeada por uma densa floresta de pinheiros que se estendia até onde os olhos podiam alcançar. Sentada perto da lareira, Bianca desfrutava de seu livro favorito enquanto a luz do fogo iluminava seu rosto delicado. Seu cabelo loiro reluzia com o brilho do fogo, e o aconchego do ambiente era quebrado apenas pelo som dos galhos estalando no fogo e pela neve que caía suavemente do lado de fora.
Sua mãe apareceu no corredor e disse:
— Bianca, já está tarde, querida.
— Eu já vou, mãe, só estou terminando este capítulo.
— Tudo bem, mas não demore muito, está bem?
— Pode deixar, mãe. Boa noite!
— Boa noite, meu anjo. Durma bem.
Bianca sorriu para a sua mãe e voltou a ler 'O Mundo Efêmero', enquanto a mãe se retirava para seu quarto. Ela sabia que precisava descansar, mas não conseguia resistir a uma boa leitura. Finalmente, após terminar o capítulo, Bianca decidiu que era hora de ir dormir. Enquanto caminhava de volta para seu quarto, Bianca ouvia o vento uivando por debaixo da porta de madeira. Ela parou por um momento, observando a neve que cobria as janelas da casa, o que a deixou um pouco preocupada. Com um suspiro, ela decidiu ir dormir. Deixou seu livro na estante, apagou a lareira e seguiu para seu quarto no segundo andar. Bianca arrumou sua cama com um cuidado especial, garantindo que tudo estivesse perfeito para uma noite tranquila de sono. Ela se aconchegou sob os cobertores e adormeceu, acompanhada pelo som suave da nevasca que se intensificava lá fora.
E com a neve, mais uma coisa havia chegado.
Em meio à noite, Bianca acordou assustada com o barulho dos galhos batendo em sua janela. Após perceber que era apenas o vento, decidiu levantar-se e preparar um chocolate quente para se acalmar. Colocou suas pantufas fofas de gatinho preto e caminhou pela casa, sentindo o frio sob seus pés. Enquanto preparava a bebida, conferiu as horas no relógio da cozinha e notou que já eram 3 horas da manhã. Com a caneca fumegante em mãos, Bianca voltou para seu quarto, apreciando o som da nevasca que continuava lá fora. Deitou-se em sua cama e observou a paisagem branca que se estendia pela janela. Era uma vista impressionante, apesar da escuridão ao longe, e ela sabia que a neve duraria por alguns dias e noites da estação. Mas isso não a incomodava; afinal, adorava o inverno. Enquanto degustava seu chocolate quente, Bianca sentiu-se relaxar e voltou a se deitar. Adormeceu rapidamente, mas teve um sonho estranho durante a noite.
Lembra que no sonho, a floresta chamava seu nome de vários lugares, enquanto ela corria desesperadamente de uma sombra que crescia sem parar. Acordou com seu coração na garganta e acelerado, mas logo se tranquilizou. Percebeu que já era quase hora de acordar e reprogramou seu despertador para 8:30. Bianca abriu os olhos lentamente, ouvindo um som que a irritava: o despertador. Desligou e, ainda meio sonolenta, escutou algumas vozes vindas da sala. Ela reconheceu a voz de sua mãe se despedindo de seu pai, que estava saindo para pegar lenha. Bianca, então, levantou-se da cama, calçou suas pantufas de lã e pegou seu livro para se despedir também. Ao chegar lá, seu pai já estava com a porta aberta, se preparando para sair. Ele avistou Bianca vindo do final do corredor e disse:
— Bianca? — Ele não havia visto a filha no dia anterior, já que saiu para trabalhar e ao chegar já era bem tarde, ficou surpreso. Bianca então perguntou:
— Papai! Aonde o senhor está indo?
— Vou pegar lenha, filha. Aproveitarei que a neve deu uma enfraquecida.
— Tudo bem, papai, mas volte rápido, ok? — Respondeu Bianca, preocupada.
Os dois se abraçaram por um tempo, e depois o pai fechou a porta e caminhou até a floresta. Enquanto isso, sua mãe a chamou para tomar o café da manhã.
— Bianca, você por um acaso não tomou chocolate quente ontem à noite, não é mesmo? — Perguntou brava.
— Na verdade, tomei, mamãe. — Respondeu Bianca, com um tom baixo.
— Filha, faz mal para você tomar essas coisas tão tarde. Além disso, pode trazer pesadelos também! — Alertou a mãe.
Ela sabia que não podia, mas mesmo assim o fez, não conseguiu resistir. Depois do café, ela se aconchegou no sofá com seu livro, ansiosa para ver o que o dia de inverno ainda guardava para ela.
— Bianca, eu havia me esquecido de lhe informar que, quando seu pai retornar, iremos até Starshine — disse a mãe de Bianca.
Bianca não demonstrou emoção, mas mesmo assim gostaria de ir. Após terminar sua refeição, Bianca lavou seu prato, escovou os dentes e arrumou seu quarto. Em seguida, acendeu a lareira e se deitou próxima a ela para terminar sua leitura. Enquanto esperava pelo pai, Bianca também ajudou sua mãe a fazer um bolo, misturando os ingredientes com cuidado e colocando no forno para assar. Passado algum tempo, finalmente seu pai havia chegado. Ela fechou o livro rapidamente e correu para cumprimentá-lo.
— Cheguei! — Era o pai de Bianca, que havia retornado da floresta. Bianca prontamente respondeu:
— Papai!
O pai de Bianca tinha boas notícias para contar, e logo anunciou:
— Voltei e trouxe novidades!
— Conta! — Disse intrigada.
— Primeiro, já trouxe todas as madeiras e acredito que vão durar todo o inverno. E a segunda, trouxe um presente para você! — Disse com um sorriso no rosto. Olhando em direção a Bianca, ele revelou uma pinha com uma decoração natalina muito bonita, entregando-lhe o presente. Bianca ficou muito feliz e perguntou:
— Que linda, papai! Aonde o senhor conseguiu?
— Eu mesmo achei e decorei. Ficou muito bacana.
Bianca elogiou o trabalho do pai, dizendo:
— Ficou linda mesmo!
Logo em seguida, o pai de Bianca propôs que almoçassem, ao que todos concordaram e prontamente sentaram-se à mesa para desfrutar da refeição. Estava realmente delicioso, e o cheiro que invadiu a casa era divino. Quando terminaram de comer, Bianca e sua família decidiram se preparar para sair, aproveitando a diminuição da intensidade da nevasca. Assim, começaram a vestir seus agasalhos e a se preparar para a caminhada até a vila. Antes de sair, porém, Bianca lembrou que havia feito um bolo com a ajuda de sua mãe mais cedo. O delicioso aroma do bolo recém-saído do forno invadia a cozinha, deixando todos com água na boca. Com um sorriso, Bianca foi até a cozinha e trouxe o bolo para a mesa. Todos ficaram felizes com a surpresa e elogiaram o sabor do bolo, dizendo: “Estava realmente perfeito”, “Delicioso”, “O melhor que já fizemos”.
Após saborearem o doce, a família de Bianca finalmente saiu de casa, caminhando pela neve até a vila. O caminho para a vila era íngreme e feito de pedras cobertas de neve, eles tinham que descer devagar para evitar acidentes, mas estavam acostumados com a descida. A paisagem ao redor era branca e deslumbrante, com os flocos de neve ainda caindo do céu. Enquanto caminhavam, Bianca reparou em uma borboleta com asas amareladas que voou em direção a um lírio branco próximo, pousando suavemente na flor.
— Que borboleta linda! — Exclamou Bianca, apontando o dedo em sua direção.
— Realmente, ela é bem chamativa — disse o pai de Bianca, sorrindo.
Enquanto continuavam a caminhada, Bianca comentou sobre o bolo que fizeram juntas e como estava delicioso.
— Realmente, foi o melhor que já fizemos — respondeu a mãe de Bianca, orgulhosa do trabalho em equipe.
Depois de algum tempo de caminhada, finalmente chegaram à vila. Era uma pequena vila chamada Starshine, com casinhas de pedra e telhados cobertos de neve. As pessoas da vila estavam ocupadas com suas tarefas diárias, mas todas eram acolhedoras e simpáticas. Bianca e sua família foram recebidos calorosamente pelos habitantes, que se ofereceram para ajudá-los com suas necessidades. O objetivo da viagem era buscar suprimentos essenciais para o inverno, como alimentos, velas e roupas de lã. A mãe de Bianca fazia questão de escolher os melhores produtos e estava atenta aos detalhes. Enquanto isso, Bianca aproveitava para explorar a vila, observando as lojas e os objetos artesanais expostos nas vitrines, brincando com outras crianças que ficavam perto da fonte em meio a praça.
Ela sentiu algo incomum, um certo sentimento, algo estranho, mas não se importou e continuou brincando, explorando a vila, visitando as lojas e conversando com os moradores locais. Finalmente, após terem concluído todas as compras, a família de Bianca decidiu voltar para casa. Ao chegarem em casa, estavam cansados, mas felizes por terem feito uma boa viagem. Bianca ajudou a mãe a guardar os suprimentos e, depois disso, sentou-se perto da lareira para relaxar. O calor do fogo era reconfortante, e ela sentiu-se contente por estar em casa.
Ainda intrigada com o sonho que tivera na noite anterior, Bianca decidiu contar à mãe sobre a visão.
— Mamãe, eu tive um sonho estranho ontem à noite.
— Estranho como, filha? — Perguntou a mãe, interessada.
— Eu estava na floresta, e uma sombra me perseguia enquanto uma voz chamava meu nome. Foi muito assustador.
A mãe de Bianca tentou tranquilizá-la, dizendo que sonhos podem ser apenas o reflexo de nossas preocupações. No entanto, Bianca sentia que havia algo mais por trás daquele sonho, algo que ela ainda não conseguia entender.
— Mamãe, você acha que sonhos podem ser mais do que apenas sonhos?
A mãe de Bianca olhou para ela com um olhar carinhoso e disse:
— Às vezes, querida, sonhos podem ser uma forma de nosso subconsciente nos dizer algo importante. Mas não se preocupe muito com isso. O importante é que você está segura e que estamos todos juntos.
Bianca sorriu, sentindo-se um pouco mais tranquila com as palavras de sua mãe. Enquanto a noite caía, Bianca decidiu voltar ao seu livro e perder-se nas páginas de sua história favorita.
Realmente foram memórias lindas que Bianca um dia viveu.
Bianca há muito tempo
Havia se perdido em seus sentimentos
Apenas o som da neve a reconfortava
Naquele passado tão sombrio
Ela matava
Um dia como aquele
Jamais seria esquecido
Jamais seria perdoado
Então ela teve que nocauteá-lo
O passado a condenou
E ela aprisionada foi
Após longos anos de tortura
Agora chamada de usurpadora sois
Ela então fugiu da verdade
Pois a verdade doí
Foi que teve a ideia de ir para um lugar
Branco neve que não lhe corrói
Os tempos mudaram e a alegria daquelas lembranças havia se tornado uma sombra distante. Bianca agora morava sozinha na casa onde cresceu. Seus pais haviam sucumbido a uma doença no inverno, deixando-a com um vazio profundo. Ela tinha apenas 17 anos, mas a responsabilidade de cuidar de si mesma a amadureceu rapidamente. Bianca passava seus dias em uma rotina solitária, mantendo a casa e tentando preencher o vazio com livros e recordações. O pessoal do vilarejo até fornecia alguns mantimentos para Bianca, mas ela sempre se mantinha afastada, evitando trazer problemas e incômodos para as pessoas.
Em um dia de inverno, após ser inundada por lembranças dolorosas, Bianca se viu encolhida na sala, envolta por tristeza e uma mistura de memórias. Seu livro estava ao lado, fechado, mas presente. Repentinamente, um forte cheiro de perfume pairou no ar, vindo aparentemente da floresta além da porta dos fundos de sua casa. Curiosa, Bianca decidiu explorar, levando consigo absolutamente nada. Enquanto Bianca caminhava pela floresta, os ventos gélidos tocavam sua pele, fazendo com que seus cabelos balançassem em meio ao caos da nevasca. Ela podia ouvir uma voz masculina entoando uma canção de ópera, e seguindo seus instintos, se aventurou mais fundo na floresta.
Ao olhar para cima, avistou uma coruja dormindo em paz, mas logo seus ouvidos captaram o som da voz se aproximando cada vez mais. Até que, subitamente, a voz se calou e apenas os sons da nevasca puderam ser ouvidos. Logo em seguida, Bianca ouviu alguém perguntando:
— Olá! Jovem menina, o que está fazendo em meio à floresta tão tarde?
Estranhando a presença de alguém ali naquele horário, Bianca respondeu:
— Estou somente andando, achei peculiar alguém aqui a essa hora, e seu canto também me chamou a atenção.
— Ora, não se preocupe comigo, menininha. Estou apenas aproveitando uma noite tão bela, e aposto que o canto não estava ruim já que você apareceu.
Bianca percebeu que a voz vinha do leste, pouco depois, notou uma silhueta se aproximando devagar, ainda assim, não conseguia enxergar quem estava falando com ela. Começando a se sentir desconfortável, ela recuou alguns passos e perguntou:
— Fora da floresta é bem mais belo que aqui, ainda mais nesse frio congelante. Quem é você? Posso saber?
— Eu? — respondeu a voz. — Ora, e quem é você?
— Meu nome é Bianca — disse ela, já irritada com a situação. — Agora me diga o seu!
— Muitíssimo prazer, Bianca. Infelizmente, não tenho um nome de verdade, mas... pode me chamar... talvez de... Sol?
Bianca achou o nome bastante estranho, mas se lembrou da estrela. Ela disse:
— Sol? Que nome estranho! Assim como a estrela.
— Já disse que não tenho um nome! — disse a voz, olhando para baixo. — Mas é isso...
Bianca começou a sentir frio e cansaço, e pediu:
— Tudo bem, já entendi. Mas que tal aparecer? Você pode me ver, mas eu não consigo vê-lo!
— Que indelicadeza a minha, mas é claro! — disse a voz, e logo em seguida a silhueta se materializou diante dos olhos de Bianca.
Um jovem rapaz de pele clara e cabelos pretos bagunçados, vestindo um terno com luvas brancas, emerge da floresta. Seus olhos amarelos brilham na penumbra, mas cessam de brilhar quando ele se aproxima de Bianca, com voz serena, ele diz:
— Pronto, Bianca? Agora tenho uma proposta.
— Que tipo de proposta? — pergunta intrigada e com medo.
— Convido-te a olhar a lua comigo. Será rápido, mas esclarecedor. — Ele responde, mantendo a compostura.
Bianca olha para cima e percebe que a densa nevasca impede sua visão da lua. Com sentimentos estranhos, ela recusa:
— Hoje não será possível, a lua não está visível no céu.
Sol junta as mãos e se ajoelha na neve, parecendo realizar uma prece. Alguns segundos passam e ele se levanta e aguarda a resposta de Bianca.
— Confia em mim, Bianca, você quer ver a lua? — perguntou Sol, esticando a mão em direção a ela.
Sentindo uma estranha confiança, Bianca dá a mão para Sol e logo em seguida ele começa a levitar. Bianca fica com medo, mas Sol tranquiliza-a:
— Não se preocupe, eu estou aqui. Apenas tente não olhar para baixo e se segure firme!
Então, Sol começa a flutuar mais alto e mais alto, até que em um certo momento eles atravessam as nuvens e bem iluminada com toda sua glória estava a lua, exposta aos céus e estrelas.
— Veja como ela é linda! — exclama Sol, arregalando seus olhos como se fosse um amante. Bianca concorda fielmente, ignorando os fatos ao redor.
— Nossa! Ela está tão exuberante hoje!
— Sim, ela é maravilhosa, um dia finalmente me unirei de volta à minha amada.
— Quem? A lua?
— Mas é claro! Como eu a amo do fundo do meu coração, um amor que queima!
Enquanto fala, Sol começa a ficar com os olhos destacados do brilho amarelo forte que é disparado como raios ao nada. Bianca se agarra forte e pergunta:
— O que foi, Sol? Está tudo bem? O que está acontecendo?
Sol perde momentaneamente o equilíbrio no ar, e Bianca, apesar de segurá-lo firmemente, não consegue evitar que ele escorregue de suas mãos, caindo em queda livre. Preparando-se instintivamente para o impacto, ela tapa o rosto e encolhe o corpo, mas para sua surpresa, depois de alguns segundos, percebe que ainda está viva e a alguns metros do chão. Olhando para cima, vê Sol segurando-a com firmeza. Ele a deposita suavemente na neve fofa antes de desmaiar ao seu lado.
Após se recuperar do susto, Bianca se levanta e corre em direção a Sol, balançando-o na tentativa de acordá-lo, mas sem sucesso.
— Sol! O que aconteceu? Me diga... Acorde! Eu sinto que já o conheço de algum lugar...
Com o corpo dolorido e sem sucesso em manter-se acordada, Bianca vê sua visão escurecendo lentamente. Ela olha para as mãos de Sol e percebe que elas estão desaparecendo, sem compreender o que está acontecendo. Já sem forças, ela se entrega e fecha os olhos completamente, e o uivo de uma alcateia é a última coisa que Bianca ouve antes de desmaiar.
Ao recobrar a consciência, Bianca percebe que Sol não está mais ao seu lado na neve, nem em seu entorno. Sem rumo e aterrorizada, ela vasculha os arredores em todas as direções, mas não encontra nenhum sinal dele. Além disso, percebe que está em um ambiente completamente vazio, preenchido apenas pela interminável paisagem de neve que se estende até o horizonte. A nevasca que se aproxima é a única coisa que se destaca no céu.
Desesperada, ela grita com todas as suas forças:
— ALGUÉM! SOCORRO! POR FAVOR, ALGUÉM ME AJUDA!
Subitamente, Bianca ouve uma voz feminina jovem e serena proferindo:
— Então é você? Precisa de ajuda? Por que esse choro? Está se humilhando em busca de misericórdia?
Procurando desesperadamente a origem da voz, Bianca não encontra ninguém, mas responde:
— Sim, sou eu. Mas por que eu?
Em seguida, ouve uma voz masculina retrucando com tom sarcástico e superior:
— Como assim, “por que eu”? Você não é Bianca?
— Sim, sou eu. Mas como você sabe? De onde me conhece? E por favor, tire-me daqui.
Outra voz feminina responde:
— Eu a tiro, mas com uma condição. Você parece confusa e desinformada sobre coisas que eu sei. Responda-me e a tirarei desse lugar.
— Por favor, faça isso. Agradeço.
Então, o branco se transforma em preto, as cores desaparecem e a neve some, dando lugar a um ambiente familiar: a sala de sua casa, com a lareira e o sofá. Bianca percebe que algo está atrás dela.
Era como se fosse um demônio, uma criatura imensa sem nenhuma expressão facial, exceto pelos olhos brilhantes como gelo. Ele apenas disse uma coisa para Bianca antes de atacá-la:
— Desculpe.
E o som de uma flor sendo arrancada pela raiz ecoou no ar.
Bianca sentiu seu coração acelerar ao encarar o demônio. Suas mãos tremiam, mas ela sabia que não poderia recuar. Respirando fundo, ela se posicionou e encarou a criatura imponente. O demônio avançou rapidamente, suas garras rasgando o ar em direção a Bianca. Ela conseguiu desviar por pouco, rolando para o lado e se levantando rapidamente. De repente, Bianca sentia-se mais forte, como se algo dentro dela estivesse despertando. Seu coração batia acelerado, como o de uma presa fugindo de um predador implacável. Ela encarou o demônio diante dela e gritou:
— Karakh! — gritou Bianca, e uma rajada de gelo surgiu de suas mãos, atingindo o demônio e congelando parte de seu corpo.
O demônio rugiu de dor, quebrando o gelo com um movimento brusco. Avançou novamente, mas Bianca estava pronta. Com um movimento rápido, ela lançou outra rajada de gelo, desta vez mirando as pernas do demônio, tentando imobilizá-lo e demônio caiu no chão, preso pelo gelo. Bianca aproveitou a oportunidade para recuar alguns passos e recuperar o fôlego. Ela sabia que a batalha estava longe de terminar. De repente, a sala ao redor começou a tremer, e o demônio, com uma força colossal, quebrou o gelo em seus pés e se levantou novamente. Seus olhos brilhavam com uma fúria ainda maior.
— Você não vai me deter, humana! — rugiu a criatura com uma voz rouca, avançando com uma velocidade impressionante.
Bianca tentou desviar, mas o demônio foi mais rápido desta vez, acertando-a com uma das garras e lançando-a contra a parede. Sentindo uma dor lancinante, ela tentou se levantar, mas o demônio já estava em cima dela.
Em um momento de desespero, Bianca estendeu a mão, sentindo uma energia poderosa fluindo através dela. Sem pensar duas vezes, ela gritou:
— Expulso! — gritou Bianca desesperada pela vida.
Uma onda de energia pura saiu de sua mão, atingindo o demônio em cheio e lançando-o para trás. A criatura caiu no chão, retorcendo-se em dor. Bianca aproveitou a oportunidade para se levantar, sentindo-se mais forte e determinada. O demônio se levantou lentamente, mas Bianca já estava pronta. Com um grito de determinação, ela lançou outra rajada de gelo, desta vez imbuída com toda a sua energia. O gelo envolveu o demônio, congelando-o completamente. Bianca respirou fundo, observando a criatura imobilizada diante dela. Sentindo-se exausta, mas aliviada, ela recuou alguns passos, mantendo os olhos fixos no demônio congelado. Ela não sabia exatamente como estava fazendo aquilo, ela olha para suas mãos incrédula que um dia isso seria possível. Então, uma luz suave começou a emanar do demônio, e a figura de Sol apareceu ao lado dela, ainda pálido, mas sorrindo.
— Você fez bem, Bianca. — disse ele, com a voz fraca, mas cheia de orgulho. — Mas essa é apenas a primeira de muitas batalhas.
Bianca olhou para ele, sentindo uma mistura de alívio e preocupação.
— O que aconteceu com você, Sol? — perguntou ela, ainda sem fôlego.
— Eu estou bem, mas precisamos nos preparar. Há forças maiores aqui, e você é a chave para equilibrá-las.
Bianca assentiu, determinada. Enquanto a nevasca lá fora começava a diminuir, Bianca sentiu uma nova esperança crescendo dentro dela. Estava pronta para descobrir mais sobre seus poderes e o papel que desempenharia no futuro. Sol e Bianca permaneceram em silêncio por um momento, ambos recuperando o fôlego após a intensa batalha. A sala estava repleta de fragmentos de gelo e neve, testemunhas silenciosas do combate que acabara de ocorrer. Bianca, ainda processando tudo o que tinha acontecido, olhou para Sol.
— O que fazemos agora? — perguntou ela, com uma mistura de curiosidade e preocupação na voz.
Sol, ainda com uma expressão serena, mas cansada, aproximou-se de Bianca e segurou suas mãos.
— Primeiro, precisamos sair daqui. Não sabemos se esse demônio estava sozinho ou se há mais por vir. É perigoso permanecer nesse local por mais tempo.
Bianca concordou, compreendendo a urgência na voz de Sol. Juntos, eles começaram a se mover pela casa, recolhendo apenas o essencial para a jornada que sabiam que estava à frente. Bianca pegou uma pequena bolsa onde guardava alguns pertences importantes e um manto quente para se proteger do frio. Enquanto se preparavam para partir, Sol olhou ao redor da casa, como se estivesse se despedindo também. Ele sabia que aquela casa era cheia de memórias para Bianca, mas também sabia que precisavam seguir em frente.
— Pronta? — perguntou Sol, com um tom encorajador.
— Sim — respondeu Bianca, determinada. — Para onde vamos?
Sol fez uma pausa antes de responder, olhando para a floresta densa que circundava a casa.
— Vou levá-la para um lugar seguro, onde você poderá treinar seus poderes e entender melhor o que está acontecendo. É um local escondido, onde ninguém nos encontrará facilmente.
Bianca olhou para Sol com uma mistura de gratidão e determinação. Sabia que a jornada não seria fácil, mas estava pronta para enfrentar qualquer desafio ao lado de Sol.
— Segure-se firme — disse Sol, estendendo a mão para Bianca. — Vou levá-la voando. Será mais rápido e seguro.
Bianca segurou a mão de Sol e, antes que pudesse processar o que estava acontecendo, sentiu seus pés deixarem o chão. Sol a segurava com firmeza, e eles começaram a subir rapidamente pelos ares. A sensação de voar era ao mesmo tempo assustadora e emocionante. Bianca fechou os olhos por um momento, tentando se acalmar. Enquanto sobrevoavam a floresta, Bianca abriu os olhos e viu a vastidão do mundo abaixo deles. A neve caía suavemente, e tudo parecia tão pequeno lá embaixo. Sol manteve o olhar fixo à frente, guiando-os com segurança através da noite fria. Depois de algum tempo, começaram a descer lentamente. Bianca percebeu que estavam se aproximando de uma montanha. Em meio à densa vegetação, uma caverna escondida se revelava. Sol pousou suavemente na entrada da caverna e ajudou Bianca a descer.
— Aqui estaremos seguros por enquanto — disse Sol, olhando ao redor para se certificar de que não havia perigo iminente.
A caverna era ampla e acolhedora. No fundo, uma pequena fogueira já estava acesa, como se alguém os esperasse. Sol fez um gesto para que Bianca se sentasse perto do fogo.
— Descanse um pouco — disse ele, com um sorriso gentil. — Em breve, começaremos a falar sobre o seu passado e o que você precisa saber para enfrentar o futuro.
Bianca se sentou, sentindo o calor do fogo e a tranquilidade do lugar. Olhou para Sol, que se sentava ao seu lado, e sabia que, finalmente, as respostas que tanto procurava estavam prestes a ser reveladas.
Com a luz do fogo dançando nas paredes de pedra da caverna, Sol começou a falar, sua voz ecoando suavemente no ambiente. O som distante de gotas d'água ecoava pelos corredores escuros da caverna, criando uma atmosfera de mistério e serenidade. O cheiro de terra úmida e musgo impregnava o ar, misturando-se com o aroma da fogueira, enquanto pequenos animais noturnos podiam ser ouvidos se movendo nas sombras. Bianca ouvia atentamente, absorvendo cada palavra de Sol. Ela sentia uma mistura de emoções, desde o choque até uma sensação de dever e determinação. O calor reconfortante da fogueira contrastava com a frieza da caverna, criando um ambiente acolhedor e protetor.
— Bianca, você já percebeu que não é uma pessoa comum. Seus poderes mágicos, as visões que tem e até mesmo o encontro comigo não são meras coincidências. Você é especial! O que você está prestes a descobrir pode ser difícil de aceitar, mas é a sua verdade — continuou Sol, sua voz suave e reconfortante. — Você é a reencarnação de uma maga poderosa que viveu há 500 anos. Seu nome era Bianca, assim como o seu, e ela desempenhou um papel crucial em eventos que moldaram o mundo mágico.
Bianca sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Ela olhou ao redor da caverna, absorvendo cada detalhe do ambiente. As sombras dançavam nas paredes de pedra, criando formas misteriosas e evocativas. O som distante das gotas d'água continuava a ecoar, adicionando um ritmo suave à conversa.
— A maga Bianca foi uma figura complexa — explicou Sol, seus olhos brilhando com intensidade. — Ela era conhecida por sua habilidade com a magia, mas também por suas escolhas controversas. Ela cometeu erros, como todos nós, mas também fez coisas incríveis.
Bianca ouvia com fascinação, sua mente girando com as possibilidades de sua nova compreensão de si mesma. Ela se sentia parte de algo maior, algo que estava além de sua compreensão anterior.
— O que exatamente ela fez? — perguntou Bianca, sua voz tremendo ligeiramente. — E como isso afeta minha vida hoje?
Sol olhou nos olhos de Bianca com seriedade, sua expressão grave e solene.
— Significa que você tem um destino único, Bianca. Você carrega a responsabilidade de sua reencarnação, mas também tem a oportunidade de fazer escolhas diferentes. Sua vida é sua, para viver da maneira que escolher. Mas lembre-se, suas escolhas terão consequências, assim como as da maga Bianca.
Bianca absorveu as palavras de Sol, sentindo o peso da responsabilidade sobre seus ombros. Ela sabia que sua jornada estava apenas começando e que muitos desafios ainda viriam. Mas ela também sabia que não estava sozinha. Com Sol ao seu lado, ela estava pronta para enfrentar o que viesse pela frente.
Depois que Sol terminou de falar, o silêncio caiu sobre a caverna, interrompido apenas pelo crepitar da fogueira e o som distante das gotas d'água caindo. Bianca ficou pensativa, seus olhos fixos na dança das chamas enquanto digeria tudo o que acabara de ouvir. A revelação de sua reencarnação e a responsabilidade que isso implicava era avassaladora, mas ela sentia uma estranha calma, como se finalmente estivesse começando a entender seu lugar no mundo.
— Então, o que devo fazer agora? — perguntou Bianca, quebrando o silêncio. Sua voz era baixa, mas determinada.
Sol sorriu suavemente, seus olhos brilhando com um misto de orgulho e compaixão.
— O primeiro passo é aprender a controlar seus poderes. Você precisa entender suas habilidades e como utilizá-las para o bem. Há muitos segredos sobre você e seu passado que ainda precisam ser desvendados, e só então você poderá tomar as melhores decisões sobre seu futuro.
Bianca assentiu, sentindo um renovado senso de propósito. Ela se levantou e estendeu a mão para Sol, que a pegou com firmeza, levantando-se ao seu lado.
— Por onde começamos? — perguntou Bianca, olhando ao redor da caverna com uma nova determinação.
Sol soltou a mão dela e começou a andar pela caverna, indicando para que Bianca o seguisse. Eles caminharam por um corredor estreito, onde o som de suas pegadas ecoava suavemente nas paredes de pedra. O caminho estava iluminado por pequenas tochas, e o ar estava frio e úmido.
— Primeiro, precisamos encontrar um lugar seguro onde possamos treinar sem ser interrompidos — explicou Sol. — Há uma caverna mais profunda, onde a energia mágica é mais forte. Será o lugar perfeito para começar seu treinamento.
Enquanto caminhavam, Bianca não pôde deixar de sentir uma curiosidade crescente sobre o que estava por vir. O ambiente ao seu redor parecia cheio de segredos, e ela sentia que estava apenas arranhando a superfície de um mundo muito mais vasto e complexo.
Finalmente, eles chegaram a uma grande câmara, iluminada por uma luz suave que emanava das paredes. O chão estava coberto por um tapete de musgo verde e macio, e no centro havia um pequeno altar de pedra com símbolos antigos gravados.
— Este é o lugar — disse Sol, parando no centro da câmara. — Aqui, você poderá se conectar com a energia mágica ao seu redor e começar a entender o verdadeiro potencial de seus poderes.
Bianca olhou ao redor, sentindo uma onda de reverência. O ar estava carregado de uma energia palpável, quase como se o lugar estivesse vivo. Ela respirou fundo, sentindo a magia fluir através de seu corpo, e sabia que estava pronta para começar.
— O que devo fazer primeiro? — perguntou Bianca, olhando para Sol com determinação.
Sol sorriu, colocando a mão no ombro dela.
— Primeiro, você precisa aprender a sentir a magia ao seu redor. Feche os olhos e concentre-se. Sinta a energia no ar, na terra e dentro de você. Deixe-a fluir livremente e se torne um com ela.
Bianca fechou os olhos, seguindo as instruções de Sol. Ela respirou profundamente e se concentrou, sentindo a energia mágica pulsando ao seu redor, as vezes falhando, sendo instável, mas aos poucos, começou a sentir uma conexão profunda com o ambiente, como se estivesse se tornando parte de algo maior.
— Isso mesmo. — murmurou Sol, observando-a com admiração. — Continue assim. Deixe a magia fluir através de você e se torne uma com ela.
Bianca se concentrou ainda mais e esvaziando sua mente de tantos acontecimentos recentes, sentindo a energia mágica se intensificar. Ela estava começando a entender o verdadeiro poder que possuía.
Na manhã seguinte, Bianca acordou com o cheiro delicioso de pão recém-assado e café fresco. Sol, utilizando sua magia, havia preparado um café da manhã digno de um banquete. A pequena clareira onde estavam escondidos agora estava imersa em uma luz suave do sol da manhã, e o canto dos pássaros adicionava uma trilha sonora calma ao cenário. Bianca olhou ao redor, ainda meio adormecida, e encontrou Sol sentado ao lado de uma mesa improvisada de madeira, cercada por pratos encantados flutuando ligeiramente acima da superfície.
— Bom dia, Bianca — disse Sol com um sorriso caloroso. — Espero que esteja com fome. Usei um pouco da minha magia para preparar nosso café da manhã.
— Bom dia, Sol. Isso parece incrível — respondeu Bianca, sentando-se à mesa e sentindo o calor acolhedor do café da manhã mágico. — Você fez tudo isso com magia?
— Sim — Sol assentiu. — Queria que tivéssemos um momento agradável para conversar. Precisamos falar sobre muitas coisas, especialmente sobre sua verdadeira identidade e o porquê de eu estar aqui para te ajudar.
Bianca pegou uma fatia de pão e começou a comer, os sabores enchendo sua boca e trazendo uma sensação de conforto. Ela olhou para Sol, seus olhos refletindo a curiosidade e a necessidade de entender mais sobre sua própria história.
— Eu sei que sou a reencarnação da maga Bianca — disse ela, sua voz suave, mas firme. — Mas quem é você de verdade? E por que está me ajudando?
Sol respirou fundo e começou a explicar, sua voz calma e serena combinando com o ambiente tranquilo ao redor deles.
— Eu sou mais do que apenas um guardião, Bianca. Sou o guardião da antiga maga Bianca, de quem você é a reencarnação. Há quinhentos anos, a maga Bianca cometeu um erro terrível. Embora seu objetivo fosse fazer o bem, suas ações acabaram levando à morte do rei. Desde então, seus filhos buscaram vingança.
Bianca olhou para Sol, assimilando as palavras dele, enquanto uma expressão de compreensão e aceitação surgia em seu rosto.
— Eu sempre senti que havia algo mais, algo que eu precisava entender sobre mim mesma. — Ela disse. — Mas como você está envolvido nisso tudo?
— Eu fiz um juramento de proteger e servir a maga Bianca, independente do tempo que levasse. Quando você reencarnou, minha missão foi reativada. Minha tarefa é guiá-la e ajudá-la a corrigir os erros do passado, buscar a redenção e, eventualmente, alcançar a paz. Sabe, uma curiosidade... Esta é a parte mais fria do país, tudo por sua causa. Seus poderes de neve e gelo, sua energia... Apenas sua presença já torna o ambiente mais frio. Claro, isso de uma forma positiva.
Bianca sentiu uma mistura de emoções: responsabilidade, determinação e uma renovada sensação de propósito. O cenário ao redor, com a clareira tranquila e o som suave dos pássaros, contrastava com a tempestade de emoções dentro dela. Ela sabia que sua vida nunca mais seria a mesma, mas também sentia uma determinação crescente de aceitar seu destino e buscar a redenção que sua alma antiga precisava.
— Então, o que devemos fazer agora? — perguntou Bianca, olhando para Sol com uma nova resolução em seus olhos.
— Primeiro, terminamos nosso café da manhã. Depois, começamos seu treinamento. Temos muito a fazer e pouco tempo para nos prepararmos. Mas não se preocupe, Bianca. Eu estarei ao seu lado, guiando-a em cada passo do caminho.
Bianca se sentiu mais forte e confiante com a presença de Sol ao seu lado. Durante os oito meses seguintes, Sol e Bianca se dedicaram intensamente ao treinamento. A clareira secreta se tornou um santuário de aprendizado e prática, onde os sons da natureza se misturavam com os ecos das palavras mágicas e o brilho das energias ancestrais. Bianca, agora com uma nova determinação e compreensão sobre seu passado, absorvia a magia antiga gradualmente, sentindo sua conexão com a antiga maga Bianca se fortalecer a cada dia. Sol guiava Bianca com paciência e sabedoria, ensinando-lhe não apenas feitiços e encantamentos, mas também a importância do equilíbrio e da responsabilidade que vinha com seus poderes. Ele a desafiava constantemente, criando cenários de combate, exercícios de meditação e momentos de introspecção para que ela pudesse dominar suas habilidades e compreender o verdadeiro significado de sua jornada.
Durante esse período, Bianca aprendeu a controlar o melhor a neve e o gelo, invocar criaturas mágicas e utilizar a magia de cura. Ela também começou a desenvolver uma compreensão mais profunda das runas antigas e dos rituais de proteção, essenciais para sua missão de buscar redenção e corrigir os erros do passado. Um dos momentos mais marcantes do treinamento ocorreu numa noite de lua cheia, quando Sol decidiu levá-la para um lugar especial na floresta, uma caverna oculta onde estavam guardados os artefatos mágicos da antiga maga Bianca. O ar dentro da caverna era denso com a energia mágica acumulada ao longo dos séculos, e as paredes estavam cobertas de inscrições brilhantes que narravam a história da magia ancestral.
— Esses artefatos pertenciam à maga Bianca — explicou Sol, enquanto Bianca admirava os objetos reluzentes. — Eles são a chave para entender e dominar completamente seus poderes. Com eles, você será capaz de enfrentar qualquer adversidade e cumprir seu destino.
Bianca tocou cada artefato com reverência, sentindo a conexão profunda com seu passado e a responsabilidade que carregava. A partir daquele momento, seu treinamento ganhou uma nova intensidade, com Sol a ensinando a usar os artefatos e a integrar seus poderes com os objetos mágicos.
Os meses passaram rapidamente, e Bianca se transformou de uma jovem inexperiente em uma maga poderosa e confiante. Ela sentia o peso de sua missão, mas também estava animada com a perspectiva de fazer a diferença e trazer paz para sua alma antiga e para o reino. No final do oitavo mês, Sol olhou para Bianca com orgulho, vendo a mudança notável em sua postura e na forma como ela controlava sua magia. Eles estavam na clareira, agora iluminada pelas primeiras luzes da manhã, e o ar estava carregado com a promessa de um novo dia.
Bianca estava concentrada em seu treinamento noturno, movendo-se com graça e precisão enquanto enfrentava os bonecos mágicos deixados por Sol. A luz fraca da lua filtrava entre as árvores, criando sombras dançantes ao seu redor. Ela estava imersa em seu próprio mundo, completamente alheia ao perigo que se aproximava. De repente, um arrepio percorreu sua espinha. Uma presença maligna e sinistra encheu a clareira. Bianca parou abruptamente e olhou ao redor, tentando identificar a fonte dessa sensação perturbadora.
Então, ele emergiu das sombras.
O monstro era uma criatura horrenda, uma visão terrível de horror e desespero. Grande e peludo, com a cara exposta de caveira e o corpo coberto de pelos negros e pegajosos. Seus olhos brilhavam com uma raiva intensa, e sua boca se contorcia em um sorriso perverso e malévolo, destacando-se contra o cenário escuro da floresta. Seus passos eram pesados, deixando uma trilha de destruição por onde passava, enquanto sua forma grotesca avançava implacavelmente em direção a Bianca, concentrou-se, preparando-se para o confronto. Ela sabia que não podia hesitar, não podia permitir que o medo tomasse conta dela. Com um movimento rápido, ela invocou sua magia, formando uma barreira protetora ao seu redor. O monstro avançou, sua ferocidade evidente em cada movimento. Ele atacou com garras afiadas e presas ameaçadoras, mas Bianca estava preparada. Ela se esquivou dos golpes com agilidade, retaliando com feitiços poderosos. A batalha foi intensa, os dois combatentes se movendo em uma dança mortal. O monstro era forte, mas Bianca era ágil e inteligente. Ela procurava por fraquezas em sua armadura de pelos e ossos, encontrando brechas para atacar. Bianca enfrentou o monstro com coragem, desviando de seus golpes poderosos e contra-atacando com sua magia recém-adquirida. Ela canalizou sua energia mágica e lançou feitiços contra a criatura, que rugia de dor e fúria. O monstro avançava furiosamente, tentando atingir Bianca com suas garras afiadas, mas ela se esquivava habilmente, mantendo a calma em meio ao caos da batalha. Com um movimento rápido, Bianca criou uma barreira mágica para se proteger dos ataques do monstro, enquanto planejava seu próximo movimento. Ela concentrou sua energia e lançou um feitiço poderoso, que atingiu em cheio o monstro, fazendo-o recuar momentaneamente. A criatura, enfurecida, avançou novamente, mas Bianca estava preparada. Ela canalizou toda a sua magia em um último ataque, lançando uma explosão de energia que envolveu o monstro e o fez explodir em pedaços, desaparecendo em uma nuvem de fumaça negra. Ofegante e ferida, Bianca olhou em volta, certificando-se de que o monstro estava realmente derrotado.
Neste momento, o Sol retornou à clareira, testemunhando o final da batalha. Sol pousou ao lado de Bianca, que estava ofegante e coberta de cortes e arranhões. Ele olhou para ela com preocupação. Bianca estava ofegante, olhando para o monstro derrotado aos seus pés. Ela se virou para Sol, com os olhos ainda brilhando com a energia da batalha.
— Sol, ele não era um... Eu senti... Senti a energia dele. Ele foi criado para me destruir. — Bianca estava atônita, tentando processar o que acabara de acontecer.
Sol se aproximou dela, colocando uma mão reconfortante em seu ombro.
— Eu sei, Bianca. Eu também senti. Você se saiu muito bem. Mas precisamos intensificar seu treinamento. O perigo está se aproximando, e você precisa estar preparada.
Bianca assentiu, sentindo a gravidade da situação. Ela sabia que precisava se dedicar ainda mais ao treinamento se quisesse ter alguma chance contra as forças que estavam contra ela.
— Então vamos começar agora mesmo — disse Bianca determinada.
Os meses seguintes foram intensos. Bianca treinava incansavelmente com Sol, aprimorando suas habilidades mágicas e físicas. Ela absorvia a magia antiga pouco a pouco, tornando-se mais poderosa a cada dia que passava.
No final do sexto mês, Sol olhou para Bianca com orgulho, vendo a mudança notável em sua postura e na forma como ela controlava sua magia. Eles estavam na clareira, agora iluminada pelas primeiras luzes da manhã, e o ar estava carregado com a promessa de um novo dia.
— Você está pronta, Bianca. Pronta para enfrentar seu destino e descobrir a verdade sobre seu passado — disse Sol, com um sorriso sincero.
Bianca sorriu de volta, sentindo-se confiante e determinada. Ela sabia que o caminho à frente seria difícil, mas estava pronta para enfrentar qualquer desafio que viesse em seu caminho.
Bianca permanecia de pé no telhado do castelo, observando as sombras se estenderem abaixo dela e os cacos de vidro recém-quebrados da janela. A noite estava estrelada, a lua lançando sua luz pálida sobre as muralhas e torres. Uma brisa suave acariciava seus cabelos, sussurrando segredos ao seu redor. Ela contemplava a lua, olhando para suas mãos e deixando escapar algumas lágrimas. Depois de um momento, ela se levantou, secou as lágrimas geladas e olhou para baixo, antecipando o início de uma nova batalha. Observou a cidade ao longe, as pessoas indo e vindo, e depois para os muros. Olhou para a neve e sussurrou consigo mesma: Existe algum lugar melhor para mim? Sem maldição?
Seu coração ainda pulsava com a adrenalina recente. A morte do rei não trouxera a paz que ela esperava, mas sim um fardo pesado de responsabilidade. O reino precisava de um novo líder, alguém que pudesse trazer justiça e equilíbrio ao povo. Enquanto refletia, Bianca observava as estrelas cintilantes acima, uma tapeçaria celeste que parecia carregar os sonhos e esperanças de toda uma era. Ela se perguntava se seria capaz de cumprir o destino que lhe fora imposto, se seria forte o suficiente para guiar o reino por um caminho melhor. A quietude da noite era interrompida apenas pelos sons distantes da cidade inocente que nem sabia o que estava acontecendo, onde as pessoas descansavam sem saber da mudança que ocorria em seu palácio. Ela se sentia isolada, como se carregasse um segredo que não podia compartilhar com ninguém. Enquanto a brisa acariciava seu rosto, Bianca fechou os olhos e deixou-se levar pelo momento. Ela se conectou com a energia da noite, com o silêncio permeado de promessas e incertezas. Um misto de coragem e dúvida a preenchia. No telhado do castelo, envolta pela escuridão e pelo peso de suas ações, Bianca encontrou forças para seguir em frente. A noite serena testemunhava seu íntimo conflito, enquanto ela se preparava para enfrentar o amanhecer que traria um novo capítulo para sua vida e para o reino que agora era seu. Quando foi que tudo isso aconteceu? Bianca jamais poderia responder. Agora, sem noção de seu futuro, continua revivendo no passado. Era hora de voltar para um lugar confortável.
O sol estava se pondo no horizonte, tingindo o céu de tons de laranja e vermelho. Bianca e Sol estavam em pé no penhasco, olhando para o norte, onde Sol havia sentido as energias ruins se manifestarem.
— É para lá que devemos ir, Bianca — disse Sol, sua voz grave ecoando no ar tranquilo da noite.
Bianca assentiu, sentindo uma mistura de emoções. Ela estava ansiosa para descobrir mais sobre seu passado e enfrentar qualquer perigo que viesse em seu caminho, mas também estava preocupada com o que poderiam encontrar. Antes que pudessem partir, no entanto, uma sensação de terror repentino os envolveu. Sol virou-se instintivamente na direção oposta, para Starshine, o vilarejo onde Bianca morava antes de sua jornada começar.
— Rápido, Bianca, algo está errado em Starshine! — exclamou Sol, já voando na direção da vila.
Bianca tentou segui-lo, mas ainda estava aprendendo a voar corretamente. Com algumas tentativas falhas, ela finalmente conseguiu se elevar no ar, seguindo Sol com determinação.
Ao chegarem a Starshine, encontraram a vila envolta em chamas. As casas estavam queimando, e o ar estava impregnado com o cheiro de fumaça e destruição. No centro da vila, um homem estranho os aguardava.
Ele era alto e esguio, com metade do rosto cadavérico e a outra metade podre. Seus olhos brilhavam com uma malícia sinistra enquanto ele se aproximava deles.
— Olá, Bianca e Sol — disse o homem com uma voz arrepiante. — A quanto tempo, não é mesmo? Estive procurando por vocês, e essas pessoas — ele apontou para os aldeões aterrorizados e alguns mortos ao redor — me contaram sobre a criança Bianca.
Bianca olhou para sua antiga casa, agora consumida pelas chamas. Um grito angustiado escapou de seus lábios.
— NÃO! — ela gritou, sua voz ecoando pela vila em chamas. — O que você fez?!
O homem sorriu maliciosamente, revelando dentes podres e pontiagudos.
— Eu? Nada, Bianca. Apenas dei um empurrãozinho ao caos. Afinal, você não pode escapar do seu destino.
Bianca sentiu uma mistura de raiva e medo. Ela avançou na direção do homem, seus olhos brilhando com determinação.
— Quem é você? O que quer de mim? — perguntou ela, sua voz firme apesar da crescente sensação de perigo.
O homem riu, um som que ecoava com um tom de maldade.
— Oh, Bianca, não se lembra de mim? Sou Hernán, filho do rei que você matou. Estive esperando por este momento por tanto tempo. Agora, finalmente, posso ter minha vingança.
Sol interveio, sua expressão séria e determinada.
— Hernán, seu ódio não levará a lugar nenhum. Bianca não é mais a mesma pessoa que cometeu aquele ato. Ela está buscando redenção e paz.
Hernán olhou para Sol com desdém.
— Paz? Redenção? São palavras vazias para mim. A única coisa que quero é vê-la sofrer, assim como eu sofri todos esses anos. Isso se chama justiça!
Bianca sentiu o peso das palavras de Hernán, a gravidade da situação pesando sobre ela. Ela sabia que não podia mudar o passado, mas estava determinada a não deixar que seu passado definisse seu futuro.
— Hernán, eu lamento pelo que aconteceu com você e sua família, mas não posso mudar o passado. Só posso tentar fazer o bem agora, e espero que você possa encontrar paz um dia.
Hernán riu amargamente.
— Paz? Não há paz para mim, não enquanto você estiver viva.
Com um gesto rápido, Hernán lançou uma onda de energia sombria na direção de Bianca. Ela se esquivou por pouco, sentindo o calor da energia passando por ela. Sol interveio, lançando um feitiço de proteção ao redor deles.
— Bianca, temos que derrotá-lo! — disse Sol, sua voz urgente.
Bianca assentiu, concentrando sua energia. Ela lançou um feitiço de luz em direção a Hernán, que se esquivou habilmente.
Agradecimentos: Sou imensamente grato à minha criatividade, cuja natureza caótica e fervilhante possibilitou a criação de universos inteiros e personagens tão vívidos, permitindo-me descrever situações profundamente imersivas. Sem essa inspiração incessante, este trabalho não seria possível. Também gostaria de expressar minha profunda gratidão a Mari Akta, cujas belas artes trouxeram vida visual à minha imaginação, complementando e enriquecendo a narrativa com sua visão única e talento extraordinário.
Artes feitas por: Noah Edward & Mari Akta
Sobre o Autor: Jovem, Peregrino e Artesão
Site: www.noahedward.com.br
Livro escrito por: Noah Edward