O cheiro de sangue paira o ar, um medo primitivo arruína suas almas as rasgando como um tigre em cima de sua presa, um brilho vermelho forte sai das frestas de uma porta de metal envelhecido donde não sai um só som. Atosh, Nubis e Estrea aproximam da porta donde uma pequena janela suja de terra e respingos de sangue já embaçada do calor deixa uma pequena visão do que se passa no local. Nada pôde ser avistado de fato por Nubis e Estrea, apenas o medo do desconhecido, mas Atosh consegue ter uma rápida visão do que acontece na parte de dentro e com o medo age rapidamente desesperado tentando agarrar o caderno das mãos de Nubis, tentando o impedir, falhando.— Devolva o meu caderno, lido por você só irá trazer destruição e morte seu ignóbil!— Precisamos de respostas! Não sabemos o que é aquilo!— Não ouse!— Espere Atosh, não faça isso!— Ialaxitan eu lhe convoco, Tortacalan, Niestrow, Hiebalau…Os cabelos de Atosh começara a subir e antes que pudesse continuar, foi Interrompido por Nubis.— Essas palavras são amaldiçoadas, jamais as recite se quiser ter paz nessa vida.Ela pega de volta o caderno e começam a pensar mais calmamente.
Parte 2: Rito
Lentamente e com um pouco de dificuldade, Atosh abre a porta, para a surpresa de todos não tem nada dentro dessa pequena caverna além de símbolos nas paredes e no chão, então Nubis diz:— Vamos fazer logo antes que algo aconteça!— Sim, vamos!Então Estrea deita de costas no chão onde está o símbolo, ela levanta a blusa e Nubis começa a desenhar com uma caneta sob a pele de Estrea, enquanto isso, Atosh murmura algumas palavras, por onde os símbolos estão sendo desenhados o sangue escorre para o chão e um pequeno brilho começa a emergir ficando cada vez mais forte, e a mão de Estrea fica mole, Atosh diz:— Ialaxitan! Está feito! Nos dê de volta o que foi roubado!O silêncio do desconhecido.
Parte 3: Ialaxitan
Uma criatura esguia com pele de lobo branco, aparece e com uma voz fina, parecendo ser 20 pessoas em simultâneo:— No sol amamos e na lua choramos, vinde a mim aqueles que procuram paz na escuridão e sabem conviver com as trevas em sua volta, quem me invoca?— Grande Ialaxitan, nós queremos o que nos foi roubado na noite passada.— Por favor!— Para terem de volta a alma, terão que visitar a Fera das Almas e não recomendo.— Temos que fazer isso, temos que atravessar “o Estreito”, mas não temos o ritual completo.Ialaxitan entrega uma carta preta a Atosh e diz:— É o máximo que posso fazer no momento, me encontrem depois e entregue-a Arrependimento.Atosh e Nubis saem pela porta, Ialaxitan desaparece e o sangue para de brilhar, deixando para trás uma vida.
Parte 4: A travessia
Junta a carta, veio anexado o final do ritual, Atosh e Nubis leem e olhando para um canto da caverna, Atosh e Nubis falam ao esmo tempo:— Oh! Grande sábio Hrri-Erosh, permita-nos a passagem para “o Estreito”, em troca lhe damos um pouco de nosso sangue como pagamento!De repente uma voz baixa e fantasmagórica pôde ser ouvida:— Aceito a proposta!Então o canto se abre em uma passagem sem cores, as paredes, teto e chão são lisos, e então ambos entram no Estreito. Enquanto andam, a temperatura vai se elevando gradualmente, até que de repente o caminho se acaba em um local largo e escuro, iluminado apenas por fogo que está pelas paredes que no que lhe concerne são feitas de carne humana ou algo parecido, o odor se assemelha a comida podre. Atosh e Nubis entram tapando os narizes com suas roupas, e andam olhando mais para baixo, então Nubis diz:— Acredito que estamos chegando.— Assim espero.De repente veem uma menina de cabelos pretos longos, vestindo uma roupa branca e segurando um ursinho de pelúcia velho e resgado, ela diz:— O que fazem aqui?— Estamos aqui para recuperar algo importante.— Cuidado para não se arrependerem, ou algo ruim pode acontecer!— Nós sabemos, vamos até o fim!— Assim todos esperamos.Ela dissipa no ar
Parte 5: Arrependimento
O lamento das almas pode ser ouvido durante a passagem, Atosh e Nubis se deparam com algo estranho e medonho, um crânio muito grande no meio do caminho, e o lamento fica mais alto e uma criatura branca, alta, com um terno e tocando um violino aparece de trás do crânio e diz:— Quem quer passar pela passagem do lamento?— Atosh!— Nubis!— Que nomes intrigantes, por que querem passar?— Precisamos visitar “a Fera”!— Ousados, tem certeza disso?— Sim! Nós temos!— Tem mesmo?— Claro!— E dentro das suas almas? Vocês querem realmente fazer isso? Isso é o que desejam?— Pode olhar!— Tudo bem.Então o lamento para, e o Arrependimento vira uma fumaça branca e entra nos corações de Atosh e Nubis. Um barulho de vidro quebrando pôde ser ouvido.
Parte 6: Almas vivas
Nas almas de Atosh e Nubis, um silêncio calmo, relaxante, Arrependimento fica impressionado, então impõe pressão sobre elas, Nubis fica bem calma, porém Atosh começa a soar e de repente ele abre os olhos, olha para suas mãos e vê que estão desaparecendo, ele desespera e diz:— Não! Espera! Eu… Eu…— A maldição já foi ativada.— Não! Eu não posso…O corpo de Atosh vira fantasmagórico, sugado para dentro do Arrependimento, e mais uma voz foi adicionada ao lamento das almas.— Você pode continuar, seu amigo não.Então Nubis entrega a carta ao Arrependimento, ele abre e lê.— Um pedido ousado de Ialaxitan.Ele puxa de sua barriga um fogo azul e diz:— Guarde seu amigo, quando voltar eu o puxo do vazio, continue!
Parte 7: A Fera
Nubis anda para baixo por algum tempo, até chegar em um local mais escuro, aqui não há cheiro algum, mas algo perturba Nubis, ela sente uma presença maligna, uma pressão que a faz tontear, ela se ajoelha, e algo sai do completo breu, um verdadeiro monstro, ele se parece com um lobo enorme, seus olhos brilham em vermelho, seus dentes são enormes e saem da sua bocarra, onde escorre sangue fresco. Nubis diz:— Fera, venho lhe suplicar meu desejo.— Vejo que carrega seus infelizes amigos Nubis, mas não vejo razão para lhe devolver seus filhos. Um se arrependeu de vir, e a outra se sacrificou, pobre alma que é você!Os cabelos de Nubis começam a subir e a brilhar, ela irritada diz:— Calada Fera! Você não sabe o que fala!— Mas não é a verdade? Por que se irrita com a verdade? Por que não fica aqui mais um tempo? Assim posso trazê-los de volta!— Você não me engana com seus truques baratos!— Garota esperta, mas você ainda não me deu motivos.— Posso pagar por eles, só me diga o que você quer.— Mais almas!— Quantas?— Seis.— De quem?— Você sabe mesmo, tenho a lista do anjo da morte, posso te passar.— Então… Vai me dar a lista?— Está com o Arrependimento, ele matou מלאך מוות!Nubis se vira para ir embora e diz:— Vou conseguir Fera, eu vou!— Será?Nubis anda em direção ao Arrependimento.
Parte 8: Almas inquietas
Chegando ao Arrependimento, Nubis já com sua mão tremulas, as estica em sua direção, Arrependimento não diz nada, mas com seus olhos mais arregalados que o comum vigia calmamente Nubis que evita o contato visual, pega a carta, mas pegando coragem encara o Arrependimento, ele começa a dar um sorriso bizarro e inclina lentamente a cabeça para o lado, Nubis diz:— Estou esperando algo, não é mesmo?— Pensei que não voltaria — Diz Arrependimento com um tom sarcástico — Melhor você ir embora…— Não vou voltar sem o Atosh, devolva-o agora!— Ah! Quase me esqueci do Atosh — Diz começando a rir — Mas se o quer de volta, fique! Não é o momento ainda.Arrependimento começa a jogar para fora da boca uma fumaça cinza com vermelho, que começa gradualmente a se formar no Atosh, dormindo ainda no chão, em um sono tranquilo, Arrependimento diz:— Bom, já era quase meu, mas você voltou a tempo, agora vá, siga e consiga.Arrependimento desaparece atrás do crânio, enquanto toca seu violino. Nubis balança Atosh até que eventualmente ele acorda, sem um olhar vivido, levanta e diz:— Vamos logo, só quero ir embora buscar as almas. Atosh e Nubis vão embora, no meio caminho ela lê a carta que lhe foi entregue.A carta do מלאך מוות Já é chegada a hora de tomar o empréstimo, aqui tem uma lista daqueles que devem ser tirados da existência terrena e espiritual:• Yiggo • Abeanel • Jiityf • Haqui-Mudihphall • Zurmin • BorealQuero todos antes do próximo inverno, já passou da hora, na verdade, assim que conseguir todos, retorne e lhe recompensarei. Depois continuaremos aquela conversa pessoalmente.
Parte 9: Tempus
Há longos anos o tempo não fazia sentido para alguns que se rejeitavam a inteligência, mas aqueles que lhe tinham consciência desejava mais-que-tudo conquistar a única coisa que nos tira da imortalidade, o tempo, um certo garoto percebeu isso uma vez há muito tempo, não sabemos ao certo seu nome já que essa história é contada de geração em geração, assim perdendo alguns pontos, mas sabemos que, ele cresceu almejando mais tempo já que não lhe sobrava muito nos campos de trigo, conversava com seus idosos pais sobre a vida e percebeu que ela passa rápido demais, certo dia ouviu falar sobre uma certa fonte da vida que concedia imortalidade, mas era guardada por um ser que ninguém sabia como era já que ninguém voltava de lá para contar história, querendo saber onde era tal lugar perguntava afora a todos que ali conversavam alto, muitos riam da sua cara, zombando e caçoando, mas um dos homens que percebeu que o garoto realmente queria saber, contou detalhadamente a lenda da fonte e explicou onde supunham ser a localização, ele pegou uma trouxa de suprimentos, um facão e um cantil, se despediu de seus pais e saiu para desbravar a floresta à fora, passou alguns dias e algumas noites sobrevivendo, passou por altos e baixos, mas nada dura para sempre, seus suprimentos acabaram, seu facão se quebrou e seu cantil foi a única coisa que lhe restou, mas não por muito tempo já que em uma certa noite com a ventania ela foi arremessada para penhasco abaixo, na chuva já não aguentando mais a dor e o sofrimento, clamava aos altos que aquilo acabasse de qualquer forma, e por um milagre ou por uma maldição seu pedido foi realizado, não sabemos o que lhe aconteceu, mas quando voltou, ele parecia mais forte e mais alto, ficou com uma cara bem alegre, mas não foi por tanto tempo, já que descobriu que uma doença assolou uma parte da população da pequena cidade, e que seus pais já não estavam por perto, ficou triste, trancado em casa por meses, e isso durou durante alguns anos, muitos pensavam que ele já havia até mesmo morrido, mas se podia ouvir alguns barulhos vindos da casa, o tempo passou e após tanto tempo pode se ver tal homem novamente, todos ficaram surpresos ao perceber que já havia passado anos e anos e sua aparência continuava a mesma, muitos queriam fazer perguntas, mas ele não gostava mais de conversar tanto, às vezes apenas ignorava quem chegava por perto ou lhe chamava, ele foi embora, nunca mais foi visto naquela cidade, desde então foi dito da lenda do homem que conseguiu a imortalidade, o imortal que andava vagando sobre as terras a procura de algo que preenchesse seu vazio, mas por uma infelicidade seu coração foi preenchido com o mal, depois de muitos anos, foi avistado um ladrão que não morria, poderia ser perfurado, ou ter uma parte de seus membros arrancados, mas eles regeneravam e tal ladrão sempre matava suas vítimas, ganhou fama e poder, mas depois de um tempo, foi banido das terras e caçado, talvez por cansaço ou por algo diferente, apenas se isolou em uma caverna que tinha um pouco longe da cidade, depois disso apenas mitos e boatos, ficou conhecido pelo seu nome: Tempus, o imortal vagante.
Parte 10: Epílogo
Já anoitecendo, Nubis cansada voltando para seu lar, atravessa aquele pavor de lugar, com tantos pensamentos e um único objetivo em mente, conseguir seus filhos de volta, esses pensamentos não paravam de ir e vir, junto a ela, Atosh, já sem sentimentos, cansado da alma, um olhar vazio era a única coisa que se dava para ver, mas também não podia de esquecer o porquê de estar ali, não foi em vão, ele dá passos raivosos até a saída, Nubis pergunta:— O que foi Atosh?— “O que foi Atosh”? Nossos filhos estão em perigo por minha culpa, e eu aqui não consigo fazer nada! Meu filho… Sua filha… tudo isso… é culpa minha — Atosh se ajoelha no chão começando a chorar — Mas isso não vai ficar barato!— Não foi sua culpa somente, também tenho parte da culpa…— Vamos! Vamos buscá-los nem que seja no fundo do inferno — A expressão de Atosh muda imediatamente, levanta com um olhar de raiva — Eu já sei como vamos resolver isso mais rápido, mas Nubis, você precisa me ajudar.— Diga, o que é preciso? No que você está pensando?— Você sabe, ainda está com o caderno, não é mesmo?— Estou, mas você tem certeza?— É o único jeito, vamos logo antes que algo dê errado, mas vamos pagá-los, mas não por hora.— Tudo bem, então, eu te ajudo depois com isso, mas vamos acabar com eles logo! Atosh e Nubis dão as mãos, seus cabelos começam a subir, recitam as palavras juntos:— Ialaxitan, eu lhe convoco, Tortacalan, Niestrow, Hiebalau, Medo, Atrineal, todos vocês agora, nós ordenamos que apareçam imediatamente! Obedeçam e sigam em ordem, o pagamento será feito, se nosso desejo se tornar realidade, e dancem na escuridão, oh! Gigantes! Vamos! De repente sombras começam a se materializar, sombras muito grandes, cada uma com sua forma diferente, olhando apenas com seus olhos brilhantes para os dois pequenos mortais e se ajoelham.— Vou pagar! Anciões, nos ajudem com nossa causa, e voltemos para casa. Os gigantes acenam com a cabeça e começam a sumir.— Eles são assustadores — Nubis fica com a garganta seca ao perceber o poder que emanava dos Anciões — Maiores que eu pensava.— Não se preocupe, são gananciosos, depois vemos o que daremos para eles, agora vamos voltar para casa, só quero paz. Ambos continuam andando para a saída, ao atravessarem o portal, desacreditados, veem suas casas, cada um para um lado, e com as luzes acessas, seus filhos os esperavam, dormindo no sofá ou no quarto, com um presente debaixo de uma árvore escrito algo como: “Para a melhor pessoa do mundo.” Mas isso já durou demais, talvez anos em suas mentes, merecem um descanso também. Nubis dorme com seu filho, sem dizer uma palavra. Atosh diz:— Já é hora, hora de descansar sob as estrelas, antes que elas se revoltem contra mim! Aqui fica o começo do fim.
Livro escrito por: Noah EdwardAgradecimentos: Sou grato à minha criatividade por ser tão caótica e criar universos inteiros dentro de pessoas tão reais para me poder descrever situações imersivas, também sou grato à Mari Akta pelas suas belas artes.Artes feitas por: Noah Edward & Mari AktaSobre o Autor: Jovem, 18 anos, Peregrino e Artesão