Lucas e Nina estavam na pequena cabana abandonada, no meio da floresta, onde ninguém ousava se aproximar após o pôr do sol. O vento gelado balançava as folhas secas das árvores, e a escuridão parecia envolvê-los, trazendo uma sensação de urgência e mistério. As velas dispostas em um círculo iluminavam fracamente o interior da cabana, projetando sombras estranhas nas paredes de madeira envelhecida. Sobre uma mesa improvisada no centro, um velho livro de capa gasta repousava, suas páginas amarelecidas carregadas de símbolos que pareciam pulsar com uma energia desconhecida.
— Tem certeza que estamos prontos? — perguntou Nina, sua voz quase um sussurro, os olhos atentos em Lucas.
Lucas respirou fundo, seus dedos tremendo levemente enquanto segurava um frasco de vidro com um líquido escuro.
— Prontos ou não, não podemos voltar atrás agora — disse ele, dando uma última olhada nas instruções no livro. O ritual era complexo, antigo, e as poucas informações que encontraram prometiam algo além do que podiam imaginar: a abertura de um portal para outra dimensão.
Eles haviam passado semanas pesquisando, em fóruns obscuros na internet, em bibliotecas esquecidas e até mesmo entrevistando moradores antigos da cidade. Tudo os levou até ali. O que esperavam do outro lado do portal ainda era um mistério, mas a ideia de descobrir algo novo, algo proibido, era irresistível.
— Quando eu derramar isso no centro do círculo, temos que recitar as palavras exatas. Não pode haver nenhum erro, ou... bem, você sabe — continuou Lucas, sua voz traindo o nervosismo que ele tentava esconder.
Nina assentiu, sentindo o coração bater mais forte no peito. A última luz do crepúsculo se esvaiu por entre as frestas da cabana, e a escuridão se fez completa. Era o momento.
Lucas se ajoelhou no centro do círculo e, com uma hesitação final, abriu o frasco, deixando o líquido gotejar sobre o chão marcado com símbolos desenhados em giz. O cheiro forte e metálico subiu no ar, e de repente o ambiente pareceu mais pesado, como se algo invisível os observasse.
— Agora — disse Nina, com os olhos arregalados.
Juntos, eles começaram a recitar as palavras que não pertenciam à língua de nenhum mundo conhecido, uma melodia dissonante que fazia o ar vibrar.
De repente, o chão sob os pés deles tremeu. As velas piscaram, ameaçando se apagar. Um som distante, como um sussurro crescente, encheu o espaço. O ar ficou gélido, e no centro do círculo algo começou a surgir…